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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Guarantã do Norte

Esse trabalho foi elaborado por alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Albert Eintein para a disciplina de Geografia do Professor Sérgio Alberto. Teve como objetivo conhecer melhor a história do município, bem como seus principais atores, feitos, dificuldades e conquistas. A pesquisa baseou-se no estudo de campo com a aplicação de várias entrevistas com pessoas que fizeram ou conhece a história da cidade. Contou-se também com o apoio de diversos segmentos. Parte do trabalho não pode ser concretizada em função da junção de turmas promovidas pela SEDUC (Secretaria de Estado de Educação) que proporcionou a junção de turmas e a troca de professores. No entanto segue abaixo uma boa amostra da capacidade e desempenho dos alunos. Vale a pela ler.
Trabalho organizado pelo Professor Sérgio Alberto para a Disciplina de Geografia da Escola Estadual Albert Einstein e realizado pelos alunos:
ABIGAIL BEZERRA LEITE
CLOVIS RIBEIRO FIUZA
CRISTIE DOS S CICHELERO
JANAINA DA SILVA PIMENTEL
JÉSSICA CONDUTA
KATIANA CRISTINA TACITO
KÉZIA MONIELE
LEONARDO AMORIM
LUAN DOS REIS COUTINHO
LUCIANA
LUCIANA GONÇALVES
MAGNA PAULA V GONÇALVES
RAONNA HOLANDA GASTALDI
ROSÂNGELA BORGES
SERYS MORATELLI AZEVEDO
TAMARA

GUARANTÃ DO NORTE
Dados Gerais do Município:
Guarantã do Norte é um município brasileiro do Estado de Mato Grosso. Localiza-se a 725 km da Capital Cuiabá, nasceu de assentamentos agrários promovidos pelo INCRA e pela Cooperativa Trintícola Erechim Ltda (Cotrel). E faz divisa com Matupá, Novo Mundo e Sul do Pará.


Em 1980 chegaram as primeiras famílias vindas do Rio Grande do Sul que formaram a Vila Cotrel, logo em seguida chegaram os Brasiguaios. O município está crescendo e conta hoje (2005) com uma população estimada em 32.950 habitantes. O município nasceu com um ideal agropecuário e hoje fortalece cada vez mais este setor, principalmente com a preocupação de preservação do meio ambiente. Guarantã do Norte respeita seus recursos naturais com desenvolvimento sustentável, por isso as inúmeras riquezas naturais são preservadas. Para quem gosta de aventuras, os rios, cachoeiras e corredeiras com águas cristalinas são convite irrecusável, sem contar a pesca esportiva que tem como principal troféu dentre muitas espécies de peixes a matrinxã, o município abriga um sitio arqueológico com inscrições rupestres que permitem pesquisas e explorações históricas. O ecossistema local é bastante diversificado tanto na fauna quanto na flora.
Sua economia está diversificada tendo bases fortes na pecuária com cerca de 300 mil cabeças de bovinos, incluindo uma das maiores bacias leiteiras da região com uma produção de cerca de 22 milhões de litros de leite por ano, e a agricultura, tem na cultura do arroz sua maior expressividade registrando em 2004 mais de 120 mil toneladas, a produção agrícola segue com as culturas de milho, feijão e em escalas menores, destaca-se também a fruticultura. Estão implantados no município 02 cooperativas e 3 laticínios com industrialização de leite e derivados, além de uma fábrica de polpa de frutas que absorve a produção local.
A bacia hídrica é formada por vários rios, sendo os principais o Rio Braço Norte e Rio Braço Sul e diversas nascentes garantindo a viabilidade da exploração do solo em atividades comerciais.
O período das chuvas ocorre de setembro a abril com uma precipitação pluviométrica anual de mais de 2.000mm, a temperatura média anual fica entre 25°C mínima e 33°C máxima. O clima é fator importante e completa o quadro favorável ao desenvolvimento de atividades agropastoris.
Por estar localizada as margens da BR 163 que liga Cuiabá a Santarém, destaca-se como pólo na prestação de serviços, com 3 agências bancárias, 2 emissora de TV e 2 de Rádio local, escritórios contábeis, de planejamento, engenharia, entre outros atendendo municípios vizinhos e até mesmo na região sul do Pará. A maior parte das indústrias se desenvolve em torno do aproveitamento de manufaturados locais, como laminadoras, serrarias e fábrica de móveis, foram implantadas indústrias no setor de construção civil, como pré-moldados e artefatos de cimento e de agro- indústrias, a exemplo da fábrica de ração e sal mineral. O município possui uma estação de tratamento de água, com capacidade para distribuir 01 milhão e meio de litros por dia, com condições de atender 100% das residências. Outro ponto positivo para o desenvolvimento da indústria e do comércio é a rede de energia elétrica resultante de 03 usinas hidroelétricas em pleno funcionamento e mais uma em construção.
A educação conta com mais de 8.530 alunos distribuídos em creches, ensino fundamental e médio. No nível superior conta com algumas faculdades particular
Na área da saúde há um hospital público e 7 postos de saúde da família, 01 Centro de Reabilitação, 01 Centro de Atenção Psicosocial e 01 Centro de Saúde.

Dados históricos do município
O município de Guarantã do Norte era inicialmente habitado por indígenas, notadamente xinguanos. Nas décadas de 60 e 70 o governo militar desejava integrar a região amazônica, e usou como estratégia a abertura de rodovias como a BR 163. O contato dos trabalhadores com os indígenas culminou na quase extinção do povo Kreen-Aka-Rorê. Em 1975 a estrada foi inaugurada, e o processo de ocupação da região norte do Estado de Mato Grosso teve início, já que muitos trabalhadores foram permanecendo e constituindo moradia ás margens da rodovia. Em 1980, teve início o Projeto de Assentamento Conjunto Peixoto de Azevedo - PAC. O INCRA e a Cotrel se uniram com o objetivo de transladar o povo sem terra do Rio Grande do Sul e os brasiguaios expulsos do Paraguai para a região norte do Mato Grosso.
A 1°de dezembro de 1980, chegaram as primeiras famílias. Em 1981, formou-se o PA (Projeto de Assentamento) Braço Sul, para assentar os migrantes brasileiros vindos do Paraguai. Enquanto o INCRA procedia aos registros das terras dos migrantes, o povo abria as ruas e dava início às primeiras construções. A idéia da fundação do núcleo ocorreu na reunião de representantes do INCRA e da Cotrel, no dia 2 de junho de 1981, por ocasião de Fundação da Cotrel – o povoado. Na ata, adotou-se nome Guarantã do Norte para diferenciar essa cidade de outra homônima, no estado de São Paulo e criada a mais tempo. O primeiro prefeito municipal foi o Sr. Herionaldo do Couto Queiroz, tendo como vice o Sr. Pedro Inácio Weigert (Pedro Satélite) para um mandato de 2 anos.

O que foram os PAC’S?
Projeto de Assentamento Conjunto – uma nova metodologia de assentamento, onde as tarefas e os custos da colonização seriam divididos entre a iniciativa privada e a iniciativa oficial, ou seja, o poder público federal, representado pelo INCRA (Instituto de Colonização e Reforma Agrária). Constituiu-se então, na forma que o governo federal encontrou, mediada por pequenas cooperativas no sul, de continuar a exercer um poder de controle em regiões de intenso conflito social pela posse de terra.
PAC Peixoto de Azevedo/Cotrel
Para a compreensão do processo de formação do vilarejo Cotrel, localizado em Guarantã do norte MT, é necessário remontar o quadro político dos anos de 1970. Nesse período o então governo militar passava por uma crise generalizada e sofria pela falta de legitimidade, aliada a questão agrária que deixou milhares de proprietário insatisfeitos. Havia pressões internacionais e questionamentos sobre a Amazônia, como existe até hoje, sobre como e o que fazer com tantas terras. Na ocasião, o Governo vivia sobre o lema “integrar para não entregar” e encarregou o INCRA ( Instituto Nacional de reforma agrária) de elaborar projetos que permitissem a colonização dessas terras.
Ao mesmo tempo no Rio Grande do Sul acontecia uma grande revolta camponesa, por parte dos minifundiários que exerciam posse de terra mas deveriam ser desapropriados para a construção de uma barragem no rio Jacuí.
De início, foi criado o PIC (Projeto Integrado de Colonização), que continha uma organização espacial idealizada e rígida com processos burocráticos alongados pois pretendiam distribuir os lotes de acordo com todos os itens do Estatuto da terra, e objetivos eram muito ambiciosos. Não obteve êxito exatamente pela demora na entrega dos terrenos rurais. Enquanto isso, o Estado começava a alimentar a infra-estrutura da região amazônica, coma abertura de rodovias como a BR 163, que liga Cuiabá a Santarém. Por todo o estado do Mato Grosso surgiam cooperativas oriundas do sul do país, agindo com capital privado. Contudo essas experiências não trouxeram bons resultados. Os associados reclamavam das péssimas condições que encontraram na região, tais como falta de médicos e medicamentos contra a malária e outros itens necessários para sobrevivência. Estes acabaram voltando para o Rio Grande do Sul, pregando a insuficiência de recursos das terras da fronteira.
Até 1978, o INCRA não havia implantado nenhum projeto de colonização especial. Os PIC’s não funcionaram, e o governo precisava de ajuda privada para solucionar os problemas da colonização. Finalmente surge o PAC (Projeto de Assentamento Conjunto) que consistia em um pacto entre as cooperativas sulistas e governo federal.
O trabalho das cooperativas era o de inscrever os colonos seus associados para o arrendamento das terras, garantir a sua vinda e os assistir quando a produção agrária, enquanto que o governo se comprometeu a doar terras da união, financiar a transferência e a instalação dos colonos e se responsabilizou pela criação da infra-estrutura mínima para o assentamento das famílias.
O Primeiro deles foi o PAC Peixoto de Azevedo/Cotrel, criado em 1979 pelo Sr. Irany Jaime Farina, Presidente da Cooperativa Tritícola Erechim Ltda (COTREL), com todos os propósitos citados anteriormente, que era solucionar o problema das famílias atingidas pela construção da barragem do Rio Jacuí, na região de Cruz Alta-RS, e para atender os associados da cooperativa que ansiavam por seu pedaço de terra para produzir.


Chegada dos primeiros colonos e a ida imediata para dentro da mata
As primeiras famílias que chegaram e encontraram mata fechada e pouquíssima infra-estrutura. Os colonos entrevistados contam que as maiores dificuldades que passaram foi em primeiro lugar a falta de assistência médica, que culminou em um surto de malária; a falta de energia; falta de acesso à outras cidades e efetivamente, o comércio; e a carência na alimentação.
A organização do INCRA era insatisfatória na entrega dos títulos rurais. Vários dos inscritos pela Cooperativa acabaram chegando até a “terra prometida”, contudo não receberam escritura e prosseguiram como empregados dos proprietários legalizados. Ao final do ano de 1982, três anos após o início do projeto, é que todos os colonos foram legalizados.
Enquanto a comunidade se formava, construindo casas, os pontos de apoio, ruas, avenidas e escolas, nos lotes rurais começavam as derrubadas florestais, para a criação de zonas de agricultura. Esse foi o ápice de uma sucessão de erros cometidos pelo estado. Ao invés de promover uma reforma agrária efetiva que aproveitasse ao máximo as terras já cultiváveis, que se apresentava na mão de poucos, recomeçou um processo de desmatamento do maior bioma nacional, o que não se consegue controlar até hoje.
Quanto ao aspecto econômico, pessoas entrevistadas são enfáticas: “lá (na região sul), não tinha mais espaço”, o que queria dizer que o sistema capitalista já era sólido e definido, o que impedia a rápida ascensão econômica de um trabalhador, fosse ele rural ou urbano, como empreendedor de um negócio próprio. De todos se escuta que a vinda para o norte era uma aventura, uma esperança de melhora de vida.
A verdade é que, as grandes propriedades existentes no Rio Grande do Sul, já datavam de muitos anos, fazendas de cunho tradicional que passaram de mãos em mãos durante gerações. Emitir títulos agrários era praticamente impossível, e ainda por cima havia as desapropriações que deixaria milhares de desalojados. A única saída dos sem terra, e dos desapropriados era aceitar o projeto como forma de recuperar a própria dignidade.
E foi trabalhando muito que se construíram as primeiras casas, a Igreja, e os primeiros comércios. Contudo a assistência prometida pela Cooperativa era mínima e insatisfatória. O único mercado do vilarejo não abastecia a toda a população, e a cidade mais próxima era Sinop, localizada a 225 Km. A recém construída BR 163 não oferecia a menor segurança nessa extensão, e uma viajem relativamente curta como essa, podia durar um dia inteiro. Por falta de hospital, os doentes eram levados até a Terra Nova, pagavam para atravessar o Rio Peixoto de balsa, e ainda arcavam com os custos do próprio tratamento.
A dificuldade em trabalhar com a terra também era imensa. Acostumados com o clima subtropical do sul, e com outra composição do solo, os novos fundiários se depararam com um clima chuvoso, e um solo muito arenoso. A primeira colheita foi um fracasso. O que a enchente não estragou, ainda antes da colheita, acabou mofando nos depósitos, pois os fazendeiros pagavam pelo transporte da mercadoria até o destino de origem. Um deles conta que apesar de terem sido comprado as máquinas de beneficiamento, colheitadeiras, entre outras, não puderam ser utilizadas por falta de operadores e acabaram sendo vendidas.
Aos poucos, o sonho da terra fértil da fronteira foi se desfazendo em realidade, e os proprietários de terra foram transformando a lavoura em pastagem para gado. Outros, com menos sorte, ou menos terras, descobriram outros meios para se garantirem economicamente.
Um deles foi o garimpo. Foi uma verdadeira febre, que dominou o norte do estado de Mato-Grosso por vários anos. Muitos falam que a cidade de Peixoto de Azevedo chegou a receber mais de 100 mil pessoas, um dado não confirmado, mas que revela a dimensão que o garimpo atingiu na região.
Já nessa altura da colonização, o núcleo urbano de Guarantã do Norte se formou distante 6 Km do vilarejo, se instalando às margens da rodovia BR 163. Sua emancipação data de 2 de Junho de 1981. Houve imigração de muitas famílias do nordeste e sul do país, todos acreditando na prosperidade da região. Os que não se iniciaram no comércio, foram subjugados e atraídos pelo comércio do ouro.
Como na época a lei se fazia pouco válida, ouve-se vários relatos de assassinatos cometidos na recém formada cidade. A tolerância entre gaúchos e nordestinos era mínima, e a maioria das brigas acabavam em morte. Outro entrevistado, este tendo entrado no garimpo, diz que “era um dinheiro que vinha muito fácil, mas que ia com facilidade”. Isso se dava devido ao fato de que a moeda de troca no comércio se tornou o ouro, e o garimpeiro tinha que entregá-lo para pagar suas contas, incluindo alimentação.
Aos poucos, o minério mais “a vista” foi se tornando escasso, sendo assim imprescindível outra guinada econômica, que se deu com o comércio da madeira. Este empregou muita gente, assim como enriqueceu muitos comerciantes. A falta de fiscalização deu bandeira verde para as derrubadas, que se tornaram cada vez mais intensas e em pouco tempo transformou a paisagem da região.
A Cotrel deixou de atuar como Cooperativa, voltado a agir somente na região sul. Em seu lugar foi fundada a Cooper Guarantã, onde a maioria dos antigos associados ainda estão presentes.
A área derrubada não foi remanejada, e sim transformada em pastagem, ampliando a pecuária e a colocando como um dos alicerces econômicos do município. Na virada do milênio aumentou a preocupação ambiental de todo o globo, que começou a pressionar o Brasil nessa questão. O estado passou a fiscalizar a atividade madeireira, e fechou muitas indústrias clandestinas, fazendo com que esse comércio praticamente morresse no Norte do Estado de Mato Grosso, provocando profunda estagnação econômica.

As Irmãs Dominicanas em Guarantã do Norte
As Irmãs Donimicanas chegaram em Guarantã do Norte no dia 31 de maio de 1981. Vieram de Mundo Novo – MS, onde já tinham uma comunidade trabalhando na Pastoral. Elas colaboraram para a retirada de um grande numero de famílias brasileiras que estavam no Paraguai, os “brasiguaios”, conseguindo junto ao Governo, terra para eles nesta regiao, onde já haviva o projeto de colonização (assentamento) através da Cooperativa COTREL. O INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) ampliou a área de colonização assentando mais 500 famílias que chegaram, então, do Paraguai, sob a coordenação das Irmãs Dominicanas. As primeiras que aqui chegaram foram Ir. Glycia Maria Barbosa da Silva, Ir. Cleonice Cardoso, Ir. Vanda Helena de Resende e a jovem Maria Lucia Pinto, sobrinha de Ir. Glycia.
Num primeiro momento era urgente organizar as comunidades, o povo, para melhor enfrentar os desafios que eram muitos. Ir. Glycia juntamente com o execultor chefe do INCRA, José Humberto de Macedo, distribuiram lotes aos colonos que chegavam a cada dia, em busca de um pedaço de terra onde sobreviver com a família. Ir. Cleonice iniciou a organização das escolinhas do interior, escolas estas feitas pelos proprios colonos, com “paus de palmito” ou outros da mata. Assim, em 1982 as crianças já começaram a estudar, e os professores, gente da própria comunidade, eram preparados por Ir. Cleonice e assumidos financeiramente pelo Município (Colíder). Enfrentaram grandes dificuldades no início, sobretudo quando precisavam ir a Colíder para reuniões, pois as estradas eram de muitos atoleiros e as vezes se levava o dia todo para se chegar a cidade. Maria Lúcia se encarregou da parte de Saúde, dando assistência as famílias nas comunidades e providenciando os enterros das pessoas que morriam vítimas da malária, de acidentes de desmatamento ou outras doenças.

Cemitério de Guarantã (1981)- A malária e os acidentes com derrubada da mata, contribuiram para aumentar a dor e do sofrimento de muitas famílias.
Nesse tempo acabava de surgir um hospital em Peixoto de Azevedo, para onde eram levados os doentes mais graves, necessitados de internação. Em 1981, Ir. Vanda trabalhou como microscopista para fazer exames de malária e dava tambem atendimento de primeiros socorros junto a Empresda EBEC (Engenharia Brasileira de Estradas e Construções) que abria as estradas do projeto e posteriormente em um Ambulatório improvisado na Cotrel.
Nesses primeiros anos, com a ajuda de muitos organismos e muita gente dedicada que se deram as mãos em prol da vida, conseguiram uma boa base de progresso para o lugar, como foi o caso da CIRA (Cooperativa Integrada de Reforma Agrária), da Fundação Santa Maria, que teve seu início com o Hospital “Saúde para o Povo”, uma serraria com um locomóvel para seu funcionamento, farinheira, e outras coisas mais.

Reunião dos posseiros em 1982.
2º Projeto Vaca Leiteira em 1984

Porque o Nome de Guarantã do Norte?
Foi criado o Distrito do lado da BR por ser melhor para se locomoverem e por impulso da massa, uma vez que o distrito da Cotrel estava fora da rodovia Cuiabá – Santarém. O nome Guarantã se dá pela derrubada na cidade e pelo fato de ter sido deixado em frente a sede do Incra duas árvores enormes de Guarantã. Com isso as representantes de Brasília que se encontravam ali perguntaram ao Sr. José Humberto:
- Qual o nome disso? (As ruas eram tipo “carreadores” ainda)
Ao invés de responder José Humberto ficou calado. Então uma das doutoras perguntou o nome das duas árvores. Nisso José Humberto disse:
- Guarantã ... Aí se deu o nome!!!
Com a emancipação em 13 de maio de 1986 acrescentou-se o termo Norte em função da existência de uma cidade de mesmo nome no interior do estado de São Paulo.

Árvore que deu o nome a cidade

Um pouquinho antes da História
A história de nosso município é contada a partir dos projetos de colonização que teve início efetivamente em 1980 com a Cotrel e o INCRA, no entanto ao longo de entrevistas notou-se que alguns moradores como os Senhores Francisco José da Silva, Antonio Bezerra Leite e Manoel Bezerra Leite, chegaram a região muito antes do INCRA e das famílias que vieram trazidas pela Cotrel e pelas Irmãs Dominicanas, os chamados brasiguaios, por volta de 1977, 78 e 79. Foram instalando-se ao longo da BR 163 e, tinha um único objetivo, conseguir terras, para construir suas casas, plantar e ter para si uma fonte de renda para sustentar suas famílias. Não se sabe por que não são relatados na história de Guarantã, nem são homenageados quando se celebram os pioneiros do nosso município.

As moradias eram precárias
Quando chegaram enfrentaram muitas dificuldades em conseguir terras e regularizá-las. Além de enfrentar problemas com saúde, na época havia uma epidemia da malária e faltavam medicamentos para realizar o tratamento. Para buscar ajuda os primeiros posseiros tinham que buscar recursos em Sinop, Itaúba ou as vezes Colíder e com as dificuldades da época, como dinheiro, transporte, atoleiros, muitas foram as baixas.
Para as crianças, no princípio não havia nem escolas, e quando surgiram, jovens e adultos que estudavam tinham dificuldades para chegarem até o local, a falta de merenda escolar e o lazer era pouco.
O Senhor Antonio Bezerra relata assim a construção da primeira escola:“Em 1980, tendo como construtor Antônio Bezerra, que trouxe a professora de Colíder Dona Rosinha, que hoje reside em Peixoto de Avezedo. A escola tinha por nome Monteiro Lobato, e foi construída no Km 716 do lado esquerdo da BR 163.”
Para aqueles que queriam estudar fora fazer uma faculdade, não havia recursos disponível nem transportes e a faculdade mais próxima era Cuiabá.
Nossos colonos é a história viva de nosso município.
Vale ressaltar que vários colonos chegaram a essa região muito antes, não se sabe por que não são relatados na história de Guarantã, nem são homenageados quando se celebram os pioneiros do nosso município.

Turismo como opção econômica
A atividade turística representa de forma específica, o que pode ser uma oportunidade para um incremento no setor econômico do município através de uma exploração sustentada. Significa uma nova fonte de renda para a cidade se esse for de fato utilizado por meio de um planejamento específico e sistematizado que possibilite a utilização sem destruí-los permitindo a preservação para as gerações futuras do patrimônio explorado. Para que tal princípio, seja respeitado torna-se imprescindível planejar de forma participativa trazendo os diversos setores para a discussão. O turismo em toda a sua complexidade é a atividade mais promissora em nosso país. Alem de gerar benefícios econômicos e ecológicos, o turismo também é uma importante ferramenta no controle da preservação ambiental, na medida em que influi diretamente na manutenção da beleza natural do meio, uma vez que a utilização correta dos recursos naturais permite um desenvolvimento sustentável, assegurando ao mesmo tempo os legados da natureza para as futuras gerações. Apenas na última década a atividade expandiu em 57% e movimenta cerca de US$ 3,5 trilhões atualmente (dados da Embratur), criando direta ou indiretamente 170 milhões de postos de trabalho, o que representa 1 em cada 9 empregos criados em média no mundo. No entanto, nem todas as formas de turismo em muitos casos, geram um desenvolvimento que permita um retorno econômico para a sociedade envolvida, principalmente quando se trata do turismo de massa em que o meio ambiente sofre conseqüências drásticas, acabando até mesmo por se esgotar. O Brasil é um país com potencial turístico, graças as suas belezas naturais, a diversidade cultural e biológica, e pela impressionante riqueza cultural de seu povo.
A atividade turística necessita da atuação do setor privado quando pensamos na implantação de hotéis, restaurantes e agencias, no entanto existem outros fatores ainda mais importantes. Os detentores da cultura local, ou seja, a comunidade é um parceiro central, pois é esta que conviverá com o fluxo turístico e seus impactos.
O patrimônio ambiental é sem dúvida a maior riqueza que o município possui. Além de áreas de floresta Amazônica, o município conta com diversos pontos a serem visitados pelos turistas como é o caso da cachoeiras, represas, pinturas rupestres, praias, etc.
Na região da Serra do Cachimbo e Vale do XV na divisa com o Estado do Pará, podem ser encontradas muitas beleza como é o caso das cachoeiras Três Quedas e Bonita.

Cachoeira Três Quedas – Vale do XV

Cachoeira Bonita – Serra do Cachimbo
Na Linha 38 temos as pinturas rupestres e a Cachoeira do Nilton, entretanto a falta de estrutura para acesso, e o tratamento inadequado dado aos desenhos decepcionam bastante. Porem, as belezas das quedas d’água proporcionam ótimos momentos de lazer.

Pinturas Rupestres – Linha 38
Cachoeira do Nilton – Linha 38

A cachoeirinha é uma boa opção também. Localizada a apenas 18 Km da cidade, possui um fácil acesso e reserva boas emoções.

Clube de Camping Cachoeirinha

As usinas hidrelétricas também formam uma boa opção de lazer, sobretudo a Usina Braço Norte 01. Recanto do Lazer – PCH Braço Norte I
Dentre todas as opções, a Cachoeira do Arco Iris é uma das mais bonitas. No entanto, no entanto por decisão do “proprietário” da área, esse local está indisponível para visitas, privando toda a população de desfrutar de mais um presente da natureza. Complexo de Cachoeiras do Arco Iris

Localizado a aproximadamente 10 km da cidade, o Balneário Strege também oferece uma boa opção de banho, e em caso de melhora na infra – estrutura, a possibilidade de uma boa caminhada pela floresta nativa.

Balneário Strege – Rio Braço Norte
Alem das opções mostradas, Guarantã do Norte ainda dispõe de outras opções como o Clube Paraíso, no rio Braço Sul, a Praia do Sol no rio Braço Norte e muitos outros que podem proporcionar um bom lazer. Alem disso, a Cidade está localizada proxima ao Parque Estadual Cristalino, que proporciona outra opção de visita.
No entanto, a estrutura de todos esses lugares ainda deixam a desejar. Faltam guias turísticos, estruturas para atender melhor o turista.
No campo da hotelaria, Guarantã do Norte conta com uma boa rede de Hotéis que podem proporcionar um ótimo conforto aos vizitantes. Conta também com uma boa quantidade de restaurantes e lanchonetes.
Dentre os eventos que se destacam no intuito de atrair os turistas, pode-se citar o Festival de Pesca que acontece anualmente no rio Braço Norte, nas proximidades do Balneário Strege e que já é sinônimo de sucesso.

Agradecimentos
A Secretaria Municipal de Turismo
Prefeitura Municipal de Guarantã do Norte
A Loris (Engenheiro da Prefeitura Municipal)
A CDM
Ao Sr. “Dito da Fundação Santa Maria”
A José França
A Antônio Bezerra Leite
A Francisco José da Silva
A Angela José da Silva
Hotel Flor da Mata
Fred Hotel
Sedna Palace Hotel
Esplanada Hotel
Hotel Pantanal
Pinheiros Hotel
A Foto Cruzeiro
A Paróquia Nossa Senhora do Rosário

Parte das entrevistas com alguns dos moradores mais antigos de nossa cidade:
Antônio Bezerra
1.Quando você veio para Guarantã?
“30 de julho de 1977.”
2. O que fez vocês virem para Guarantã?
“Para pegar terra (posseiros).”
3. Onde vocês moravam antes de vir para Guarantã?
“Em Dourados.”
4. Onde vocês iam buscar medicamentos em caso de necessidade?
“Em Itaúba, que era uma fazenda, como ela tinha muitos recursos caso sobrasse medicamentos eles traziam, se não iam buscar em Sinop.”
5. Depois de um ano e cinco meses, foi quando o Doutor liberou medicamentos para vocês?
“Doutor Ermino dono da fazenda Cachimbo, que liberou uma enfermeira para cuidar das famílias no Km 715.”
6. Quantas famílias vieram com vocês?
“Cinco famílias: Francisco Alves, Antônio Bezerra Leite, Manoel Bezerra Leite, Miguel Quadra, Francisco.”
7. Quando o INCRA chegou em Guarantã?
“Na década de 80, tendo como executor do INCRA o José Humberto Macedo.”
8. Quando o José Humberto chegou vocês já eram liberados pelo INCRA?
“Sim, pelo INCRA de Brasília, doutor Aliceu, dando as cartas de anuência pelo projeto fundiário de Cuiabá, dado para estas cinco famílias.”
9. Em que ano surgiu a primeira escola de Guarantã?
“Em 1980, tendo como construtor Antônio Bezerra, que trouxe a professora de Colíder Dona Rosinha, que hoje reside em Peixoto de Avezedo. A escola tinha por nome Monteiro Lobato, e foi construída no Km 716 do lado esquerdo da BR 163.”
10. Quando vocês entraram aqui não tinha cidade, então a quem isso pertencia?
“Pertencia ao município de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso não era dividido.”

Francisco José da Silva
1.Quando o senhor veio para Guarantã?
“29 de outubro de 1971.”
1. Quando senhor veio, havia alguém já residindo em Guarantã?
“Havia apenas alguns colonos.”
2. Qual foi a situação encontrada?
“As pessoas que aqui chegaram habitavam apenas a beira da BR.”
3. O que fez senhor vir para Guarantã?
“Eu vim juntamente com os Barretos em busca de um pedaço de terra, para morar.”
4. O senhor gostou da “cidade”?
“Gostei, porque era um lugar que ainda não havia a epidemia da malária, havia apenas o inicio da BR 163. Era um lugar muito pacato.”
5. Onde o senhor morava antes de vir para Guarantã?
“Eu morava em Mato Grosso do Sul, numa cidade chamada Culturama, hoje município.”
6.Conte nos um pouco de sua história:
“Passei muitas dificuldades quando aqui cheguei , ao longo dos anos enfrentei muitas malárias fiquei internado. Quase perdi um filho meu pra essa doença . Com o dinheiro da herança de meus pais comprei alguns hectare de terras e vim morar com minha família em Guarantã.
Alguns anos depois a cidade começou a crescer, e aparecer mais moradores. Dai então surgiram os primeiros bancos o Bradesco em 1982, depois o Itaú, que faliu, o Bemat que também faliu. Hoje temos o Banco do Brasil, Sicredi, Bom Sucesso, Popular e o BMG que foi transferido. Agora temos a previsão da Caixa Econômica, temos a Lotérica e o Cartório Primeiro Ofício. ”
Ângela José da Silva
1.Quando a senhora veio para Guarantã?
“Eu vim para Gurantã em 1980.”
2.O que vieram fazer ou qual era a expectativa pra vir para essa região?
“Vim apenas acompanhar meus pais.”
3.Onde morava antes de vir para Guarantã?
“Morava em Sinop Mato Grosso.”
4.Onde vocês iam buscar medicamentos em caso de necessidade?
“Aqui havia alguns medicamentos, mas faltava, então íamos buscar em Sinop.”
5.Quais as principais dificuldades encontradas?
“A distância para ir para á escola na época 5 km, a falta de merenda escolar e a malária.”
6.Qual foi a relação com o INCRA, quando aqui chegaram?
“O INCRA não aceitava, pois essas terras era para virar fazendas.”
7.Quais as atividades econômicas praticadas durante esse período?
“Agricultura, plantávamos arroz, amendoim feijão, café, milho e outros, para o nosso sustento e vendas.”
8.Conte nos um pouco de sua história:
“Cheguei em Guarantã em 1980 com 13 anos, freqüentava a escola Guarantã. Na época havia muitas dificuldades, nos caminhávamos 5 km para chegar na escola e quando chegávamos não havia merenda, passávamos a manhã toda com apenas mandioca frita e café.
Não havia nenhum divertimento para nos jovens. Por causa dessas dificuldades parei de estudar e fui fazer os serviços domestico. Aos 18 anos me casei, tive quatro filhos. Hoje uma filha minha é casada, sou separada e crio meus três filhos sozinha. E ainda moro Guarantã .”
Mais Fotos



Além das doeças e das distâncias, os primeiros moradores também enfrentavam os atoleiros que fazia com que viagens de horas demorassem dias Foto aérea de 1985; Primeira sede da Câmara Municipal na travessa dos Ipês
Primeira sede da Prefeitura Municipal na Av. Jatobá

Cidade em fase de desenvolvimento: Esquina Cedros com Av. Alcides Moreno Capeline onde hoje se localiza a Escola Municipal Estrelinha do Norte. Pode-se ver o prédio de madeira onde funcionava a escola
Bibliografia
www.mteseusmunicipios.com.br
http://www.portalguarantadonorte.com.br/conteudo.cfm?lista=historia
http://www.ibge.gov.br

5 comentários:

Cristie disse...

Nossa, esses trabalhos estão muito bons, estou surpresa com o nível de escrita que atingiram.

Anônimo disse...

adorei ver esse trabalho,parabens aos alunos e professor

Anônimo disse...

gostei muito do documentario isso me ajudou bastante para obter informações sobre guaranta parabens

Anônimo disse...

Parabéns, moro aqui em Guarantã do Norte a 26 anos e adorei o documentário pois me ajudou muito em meus estudos!!!

Thays disse...

Parabéns, ficou mto bacana o documentário, estou fazendo minha monografia em bases da malária e historia da cidade, ajudou mto em minha pesquisa...
Parabens professor e alunoss!
Bjs

Animação Soviética sobre a Guerra Fria

Se preferir assistir pelo youtube o endereço está aqui embaixo. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=N4lZ0PGTpes